terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Os homens e o século XXI


Há dias em conversa com a J., uma colega de trabalho, discutíamos a participação dos homens nas tarefas domésticas. É certo que há alguns anos atrás, eram as mulheres que estavam inteiramente encarregues de tratar da casa e dos filhos. Também é certo que há alguns anos atrás uma boa percentagem das mulheres não trabalhava fora de casa (entenda-se com isto, não tinha um ordenado… porque trabalho esse, não faltava, com toda a certeza). Ora também é certo que com a emancipação da mulher, cada vez mais temos mulheres trabalhadoras, mães e donas de casa. Assim um 3 e 1! De modo que acho inconcebível que em pleno século XXI algumas mulheres continuem ainda a ser escravas da casa, dos filhos e dos maridos!!!


Tento imaginar como seria eu, com os horários que tenho (ou melhor, que NÃO tenho), chegar a casa tarde e a más horas e ainda ter que tratar da lida da casa e dos filhos (que ainda não tenho, mas lá chegarei), sem ter qualquer ajuda por parte do meu namorado/companheiro/marido.

Isto a propósito da conversa que tive com a J., que referia que o (na altura) marido (agora ex) não a ajudava em absolutamente NADA em casa. E mesmo quando ela teve o filho (e estando debilitada por uma cesariana complicada) ele não mexia uma palha para a ajudar! Limitava-se a chegar a casa e a perguntar “o que era o jantar”. E enquanto ela me contava estas (e outras) peripécias eu ia fervilhando cá dentro e perguntando a mim mesma como é possível as mulheres aceitarem este tipo de situações!

Enquanto falávamos eu ia pensando no meu caso. Namoro como o P. há quase 7 anos e estamos a viver juntos há cerca de 1. Neste pouco tempo de convivência que temos já pude constatar que ele não é homem para se sentar no sofá, chinelinho calçado, a ver tv, enquanto eu, a escrava, trato da comida, casa e roupa. Muito pelo contrário! É até ele que muitas vezes, dado o meu trabalho muito absorvente, vai orientando as coisas lá em casa. Limpa o pó, aspira, lava a loiça, trata da roupa, da Mia (que também dá trabalho, sim…), vai às compras e muitas muitas muitas vezes faz o jantar (ou pelo menos vai adiantando até eu chegar a casa para acabar). E mesmo ao fim-de-semana, em que normalmente se faz a limpeza da casa mais a fundo, porque há mais tempo, ele não deixa de me ajudar. Enquanto eu limpo os quartos, ele limpa a sala; enquanto ele faz o almoço, eu trato da roupa, etc etc. É uma autêntica fada-do-lar! Sabe fazer tudo e o pouco que não sabe, pergunta e aprende! Ora, não quero com isto enaltecer demasiado o meu homem, porque não considero que ele seja um super-herói… Acho que é assim mesmo que tem que ser. Porque se estamos a partilhar a vida com tudo o que ela tem de bom, temos que partilhar também o que ela tem de mau (ou menos bom), tarefas domésticas incluídas!

Muitas vezes, na clínica, a J. via-me a ligar para o P. e a dizer-lhe para ir adiantando o jantar porque ia sair tarde. Ela ficava estupefacta a olhar para mim e dizia-me “quem me dera que o meu marido também tivesse sido assim, porque não me ajudava em nada!”

E eu penso:

Senhores, em pleno século XXI, os homens do tempo da pedra que se cuidem, porque cada vez haverá menos mulheres a aceitar situações como a J. viveu. E eu acho muito bem!


Tenho dito!

Sem comentários: